Carnaval em São João Del Rei

Não gosto muito de carnaval, mas gosto de samba e cerveja. Isto já é o suficiente para não ficar em Belo Horizonte, cidade deserta durante o reinado de Momo. Pode parecer estranho um amante do bom samba e de uma cerva gelada não curtir o carnaval, mas não abro mão de um pouco de conforto e sofro de agorafobia (comportamento de evitação provocado por lugares ou situações onde o escape seria difícil ou embaraçoso). Em português claro e direto, não suporto ambientes lotados de pessoas bêbadas e drogadas, pisadas nos pés, empurrões, gente sem noção fazendo graça sem graça, não ter um local reservado para minhas necessidades fisiológicas e, mais que tudo, odeio axé baiano e funk carioca. Mesmo assim, fui para São João Del Rei, município que se destacou nas décadas de 70 e 80 por ter um dos melhores carnavais do interior de Minas. Pouca coisa sobrou desta época. Acabaram com o carnaval de São João Del Rei! Assisti uma grande quantidade de blocos desorganizados, baterias formadas por componentes embriagados, ausência de foguetes durante o desfile de blocos tradicionais, poucos turistas e um povo triste por não ter colocado suas escolas de samba na avenida. Para quem não gosta de tumulto, até que foi um bom carnaval, muitas vezes as ruas estavam vazias. Por outro lado, o Funk e aquela porcaria de música nova do Latino tocou o tempo todo nos carros daqueles seres desprezíveis que estacionam, abrem o porta-malas, colocam a música da moda e acham que todos tem obrigação de escutar as merdas produzidas por pseudo-artistas que eles idolatram. Espero que o poder público contribua mais no ano que vem, há grande chance de eu estar lá novamente, pois tenho um carinho especial por aquela cidade habitada pela maioria de meus parentes e por alguns amigos. O melhor bloco deste ano foi o da Polícia Militar. Esteve presente em grande número todos os dias, inibiu brigas, evitou roubos e, pasmem, não utilizou o tradicional “modus ignorantes operantis” que lhe é peculiar.