sábado, 10 de setembro de 2005
Aqui Jaz "O Martelo"
Assim chega ao fim mais um BLOG que pretendeu, durante sua curta existência de 7 meses, contribuir para o debate sócio-político brasileiro. O Martelo morreu de inanição, de falta de novos textos para sua alimentação diária. O Martelo foi vencido pelo capitalismo com todas as suas exigências de tempo e recursos financeiros para a manutenção de qualquer espécie viva.
O Martelo agradece a todos que por aqui passaram, principalmente aos que contribuíram para a sua divulgação inserindo links e/ou deixando suas marteladas. Um grande abraço a todos!
segunda-feira, 1 de agosto de 2005
A Distância e o Telefone
Estava sentado no computador. Tentava encontrar algo novo na internet enquanto o cachorro roncava. O telefone tocou. Era minha Tia de São Paulo. Perguntou sobre a saúde de minha mãe. Conversamos um pouco. Logo que desligou, comecei a pensar na distância que nos separava. O telefone é realmente um grande invento. Reduz as distâncias. Mesmo assim o mundo continua sendo muito grande. E está a cada dia habitado por mais e mais pessoas. São muitos nascimentos por minuto. Durante toda a nossa existência não conseguimos conhecer um milésimo do número de pessoas que existem. Não sei se isso é bom ou ruim. Depende do tipo de pessoas que conheceríamos. Não trocaria uma pessoa legal por mil pessoas chatas. O que vale é a qualidade, não a quantidade. Algumas pessoas são tão chatas, tão chatas, que conseguem nos aborrecer sem falar nada. Lá no interior costumam dizer que esse tipo de pessoa dá chulé em pé de mesa. Dessas eu quero aumentar a distância. Outras são tão legais, tão legais que conseguem nos fazer sorrir com uma simples palavra. Dessas eu quero reduzir a distância. Ainda bem que inventaram o telefone. Assim podemos conversar com as pessoas que gostamos e se encontram distante. Quanto aos chatos basta dar o número errado...
domingo, 31 de julho de 2005
Sobre falta de tempo, tristeza e religiões..
Após semanas sem escrever, o Martelo volta a ativa. Estava sem tempo. Aliás, meu pai sempre me disse para desconfiar de quem vive dizendo que não tem tempo para fazer as coisas. Pessoas organizadas sempre arrumam tempo. Resumindo, não consigo organizar meu tempo de maneira satisfatória. Quando fico sobrecarregado acabo abandonando algumas tarefas. Dessa vez foi o Martelo que sofreu as conseqüências.
Ainda não passou a tempestade, mas uma breve estiada me permite escrever algumas linhas. Por falar em tempestade, há dias em que a gente se sente como um cachorro de rua procurando uma marquise para se esconder da chuva. São dias amargurados, dias de cansaço, de muito sono e pouca ação. São dias um pouco tristes ou muito tristes, dias de remorso e compaixão. Dias de lamentação, culpa e preocupação. A gente sente uma carga enorme em nossas costas, sente o peso da idade e as marcas do passado. Sente que a vida é curta, que o mundo é injusto e a sociedade hipócrita.
Nesses dias costumo lembrar de meus antepassados. De pessoas próximas que já se foram. Pessoas que deixaram boas contribuições para minha existência. Pessoas das quais a gente nunca esquece. A vida pode ser curta, mas a existência é mais longa. A memória prolonga a permanência das pessoas que gostamos. A lembrança é uma maneira de reviver bons momentos. Isso fortalece minhas energias. Pessoas especiais fazem com que eu continue acreditando nos seres humanos.
Não tenho religião, mas acredito em Deus. Não gosto de definir Deus. Não gosto que me perguntem: o que é Deus para você? Deus é Deus, e ponto. A missa é um fenômeno estranho. Me dá a sensação de que estão tornando público o que é íntimo e pessoal. Tenho birra quando vejo algum padre ou pastor falando em nome de Deus. Acho um grande absurdo! Não preciso de intermediários para falar com Deus. Faço contato direto. Minhas tias acham que sou ateu. Não sou um herege, nunca joguei pedra na cruz. É muito simples. Acredito em Deus, mas não gosto de missas. Vejo aqueles rituais como encenações teatrais pouco criativas. É sempre a mesma ladainha. Definitivamente, não tenho saco!
As religiões são invenções dos homens. Não existe uma religião superior. Qualquer uma é válida. Todos as vezes que uma religião tentou se impor assistimos a grandes carnificinas. Muitos inocentes já morreram em nome de uma fé. Os cristãos são muito pretensiosos. Acham que só Jesus Cristo salva. O cristianismo é uma crença ocidental. Cerca de 60% da população mundial não sabe quem foi Jesus Cristo. Não são ignorantes ou pecadores, são pessoas que praticam outra religião.
Sendo Cristão ou não, o importante é acreditar em algo. Catolicismo, protestantismo, espiritismo, budismo, islamismo, judaísmo e todos os outros ismos são formas de expressão da religiosidade humana. Não tenho nada contra os religiosos, desde que não tentem me convencer de que só serei salvo se seguir seus ensinamentos. Tenho minhas convicções. Fiquem com Deus!
Ainda não passou a tempestade, mas uma breve estiada me permite escrever algumas linhas. Por falar em tempestade, há dias em que a gente se sente como um cachorro de rua procurando uma marquise para se esconder da chuva. São dias amargurados, dias de cansaço, de muito sono e pouca ação. São dias um pouco tristes ou muito tristes, dias de remorso e compaixão. Dias de lamentação, culpa e preocupação. A gente sente uma carga enorme em nossas costas, sente o peso da idade e as marcas do passado. Sente que a vida é curta, que o mundo é injusto e a sociedade hipócrita.
Nesses dias costumo lembrar de meus antepassados. De pessoas próximas que já se foram. Pessoas que deixaram boas contribuições para minha existência. Pessoas das quais a gente nunca esquece. A vida pode ser curta, mas a existência é mais longa. A memória prolonga a permanência das pessoas que gostamos. A lembrança é uma maneira de reviver bons momentos. Isso fortalece minhas energias. Pessoas especiais fazem com que eu continue acreditando nos seres humanos.
Não tenho religião, mas acredito em Deus. Não gosto de definir Deus. Não gosto que me perguntem: o que é Deus para você? Deus é Deus, e ponto. A missa é um fenômeno estranho. Me dá a sensação de que estão tornando público o que é íntimo e pessoal. Tenho birra quando vejo algum padre ou pastor falando em nome de Deus. Acho um grande absurdo! Não preciso de intermediários para falar com Deus. Faço contato direto. Minhas tias acham que sou ateu. Não sou um herege, nunca joguei pedra na cruz. É muito simples. Acredito em Deus, mas não gosto de missas. Vejo aqueles rituais como encenações teatrais pouco criativas. É sempre a mesma ladainha. Definitivamente, não tenho saco!
As religiões são invenções dos homens. Não existe uma religião superior. Qualquer uma é válida. Todos as vezes que uma religião tentou se impor assistimos a grandes carnificinas. Muitos inocentes já morreram em nome de uma fé. Os cristãos são muito pretensiosos. Acham que só Jesus Cristo salva. O cristianismo é uma crença ocidental. Cerca de 60% da população mundial não sabe quem foi Jesus Cristo. Não são ignorantes ou pecadores, são pessoas que praticam outra religião.
Sendo Cristão ou não, o importante é acreditar em algo. Catolicismo, protestantismo, espiritismo, budismo, islamismo, judaísmo e todos os outros ismos são formas de expressão da religiosidade humana. Não tenho nada contra os religiosos, desde que não tentem me convencer de que só serei salvo se seguir seus ensinamentos. Tenho minhas convicções. Fiquem com Deus!
sábado, 30 de julho de 2005
Que é História?
História é disciplina, profissão, leitura, interpretação, virtude, respeito, humanismo, imparcialidade, civismo, coragem e idealismo. História não é verdade, palpite, conformismo, prostração, inércia, futilidade, vício ou ambição. Viver de História não tem nenhum glamour! História não é uma atividade bonita, é uma profissão necessária. História não dá fama, mas garante momentos de prazer! História não enriquece, mas também não aborrece!
domingo, 26 de junho de 2005
O Homem do Pastel
Morávamos em Barbacena, cidade que já foi reconhecida nacionalmente pelo tratamento de “loucos” que se alojavam nos manicômios lá instalados. Famílias de todo o Brasil levavam parentes para tratamento em um dos hospitais da localidade. Lembro-me do homem do pastel. Manso, vivia nas redondezas da rodoviária. Pedia dinheiro, comida, bebida e, sobretudo, pastéis. Eu e meu irmão éramos duas crianças, 5 e 6 anos, sentadas no meio fio comendo pastel desavisadamente. O homem alto, magro, cabelos ralos, roupas largas se aproximou e pediu:
- Me dá um pedaço de pastel!
Ao ouvir aquela voz fina já sabíamos do que se tratava. Não havia como fugir, fomos pegos desprevenidos. Descobrimos, por nossa própria experiência que o louco do pastel não era uma lenda. Era tão real que se encontrava na nossa frente. E para piorar queria um pedaço de pastel. Olhos arregalados, expressão de susto, meu irmão respondeu:
- Toma.
Imediatamente entregou seu pastel inteiro, não apenas o pedaço que ele queria, e fez um primeiro movimento de quem estava prestes a iniciar uma corrida. Foi quando o homem o tranquilizou:
- Não tenha medo, só estou com fome.
O homem era um “louco”, como muitos que se vê pelas ruas das cidades. No entanto, também era um ser humano que estava com fome. Desde aquele dia não tive mais medo de loucos. Eles nunca fazem mal a ninguém. Hoje posso agradecer ao homem do pastel por ter ensinado a mim e a meu irmão que “loucos” são pessoas sofridas, abandonadas por familiares. Não são criminosos. São seres humanos excluídos do convívio social!
Este texto foi uma contribuição do Martelo para o BLOG Balada do Louco.
- Me dá um pedaço de pastel!
Ao ouvir aquela voz fina já sabíamos do que se tratava. Não havia como fugir, fomos pegos desprevenidos. Descobrimos, por nossa própria experiência que o louco do pastel não era uma lenda. Era tão real que se encontrava na nossa frente. E para piorar queria um pedaço de pastel. Olhos arregalados, expressão de susto, meu irmão respondeu:
- Toma.
Imediatamente entregou seu pastel inteiro, não apenas o pedaço que ele queria, e fez um primeiro movimento de quem estava prestes a iniciar uma corrida. Foi quando o homem o tranquilizou:
- Não tenha medo, só estou com fome.
O homem era um “louco”, como muitos que se vê pelas ruas das cidades. No entanto, também era um ser humano que estava com fome. Desde aquele dia não tive mais medo de loucos. Eles nunca fazem mal a ninguém. Hoje posso agradecer ao homem do pastel por ter ensinado a mim e a meu irmão que “loucos” são pessoas sofridas, abandonadas por familiares. Não são criminosos. São seres humanos excluídos do convívio social!
Este texto foi uma contribuição do Martelo para o BLOG Balada do Louco.
sábado, 25 de junho de 2005
Pensamentos e Aforismos (5)
A ingratidão é um direito do qual não se deve fazer uso.
(Machado de Assis)
domingo, 12 de junho de 2005
Sobre Poesia
Gosto de poesia. Não sei explicar o motivo. Acho que não tem motivo. Gosto porque é bom. Gosto porque gosto. Nem tudo precisa de um motivo. A maioria das pessoas não gosta de poesia. Alguns dizem que gostam, mas nunca lêem poesia. Gostar sem motivo não é problema, complicado é gostar sem provar. É assim:
- Adoro poesia!
- É mesmo. Qual seu poeta preferido?
- Ah, aquele de Itabira. Como chama mesmo... Outro dia estavam falando dele na televisão.
- Adoro poesia!
- É mesmo. Qual seu poeta preferido?
- Ah, aquele de Itabira. Como chama mesmo... Outro dia estavam falando dele na televisão.
terça-feira, 31 de maio de 2005
Microcontos do Martelo
Corria muito, o cansaço era apenas um detalhe.
* * *
Sua perna esquerda era de pau, mas a direita lhe bastava.
* * *
O cachorro do nariz rosa não parava de pular. Era feliz!
* * *
Não caiu de maduro. Tropeçou na própria existência.
* * *
O destino sempre lhe preocupou. Morreu sem respostas.
* * *
A História matou o romantismo. Foi inveja?
* * *
Quem quiser ler outros microcontos é só entrar na Casa das Mil Portas. É um projeto do Nemo Nox onde os microcontos de vários blogueiros podem ser lidos de maneira aleatória.
segunda-feira, 30 de maio de 2005
Estudar
Quanto mais aprendemos sobre um tema, menos sabemos sobre todos os outros.
Fica a sensação de que já soubemos muito mais do que sabemos hoje.
Há tanto o que estudar e ficamos sempre lendo sobre a mesma coisa.
Especialização é um saco!
Fica a sensação de que já soubemos muito mais do que sabemos hoje.
Há tanto o que estudar e ficamos sempre lendo sobre a mesma coisa.
Especialização é um saco!
sábado, 21 de maio de 2005
O Velho e as Damas
Na semana que vêm completo 90 anos, sou solteiro, não tive filhos e moro sozinho em uma quitinete no centro de Belo Horizonte. Meu médico me proibiu de fumar, disse que meu pulmão está preto e posso sofrer um enfisema se continuar. Não posso beber, minha úlcera quase me mata de dor. Não tenho mais ereções naturais e nunca sobra dinheiro para comprar o viagra. Também não adiantaria nada, quem ia dar para um velho pobre e solitário? Teria que comprar o viagra e alugar a mulher. Definitivamente, não dá! Sou contra sexo pago. Meu esfíncter não funciona mais, sempre que tento peidar acabo cagando. Por falar em ânus, o proctologista disse que depois dos noventa a dedada tem que ser semestral. Assim não dá, não agüento mais isso, devia matar esse moleque! Na minha terra homem e verdade tinha que usar chapéu e bigode e só esbarrava em outro homem se fosse briga. Gostaria muito de dormir uma noite inteira, sofro de insônia. Ontem fui assaltado quando voltava para casa. Levaram meu relógio, o dinheiro, o vale transporte e meus documentos. Durante a confusão do assalto quebrei o braço direito e meus óculos se espatifaram no chão... Apesar de tudo, a vida continua. Me sinto um menino... Para aliviar a barra, todos os dias pego meu guarda-chuva e vou jogar damas na Praça Sete!